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Olhar o outro, escutar e dar amor. É tão simples quanto isto.
05 de Dezembro de 2024
No Dia Internacional do Voluntariado damos a conhecer a D. Luísa Câmara-Leme. Voluntária na Casa de Saúde do Telhal, conversou connosco e falou-nos dos projetos que desenvolve, sobre o que significa ser voluntário e como funciona o Voluntariado no Instituto S. João de Deus.
Voluntária na Casa de Saúde do Telhal há quase 15 anos, a D. Luísa transborda amor pelo olhar.
De olhos brilhantes e sorriso nos lábios abre, pelas dez da manhã, a porta do Bazar, local onde a podem encontrar todas as terças e quintas-feiras. Os utentes sabem disso e apressam-se a chegar. O calor do seu sorriso atrai aqueles que querem desenhar, cantar ou passear e aqueles que precisam de companhia ou de conforto. “Eu sei que o bocadinho que eles passam comigo tem peso porque eles vêm buscar um bocadinho daquele aconchego de mãe, de família. E é isso que eu lhes dou.”
O Bazar é um espaço multiusos onde os utentes desenvolvem atividades de acordo com as suas preferências. Seja a criar máscaras para o Carnaval, pintar ou, como foi o caso mais recente, retalhar as castanhas para o Dia de S. Martinho. O dia decorre consoante as preferências dos utentes. Aqui podem cantar, passear, ir à missa, fazer atividades temáticas ou simplesmente estar presentes e desfrutar da companhia uns dos outros. Mas existem dias especiais, e os dias de aniversário são importantes. Por isso, a D. Luísa faz questão de os tornar ainda mais especiais, “quando eles fazem anos costumo fazer-lhes um bolinho, trago velas e cantamos os parabéns.”
Existe um grupo de utentes permanentes no Bazar, mas a porta está aberta a todos, “qualquer um pode vir, é bem-vindo, é aceite e tomara eu que venham muitos. Mas há um grupo que está mais habituado e são esses que vão trazendo outros.”
Os anos não desvanecem o seu entusiasmo nem deixam a desmotivação bater à porta. Sente-se sempre motivada, “sempre, logo de manhã, tomo um banho e toca a mexer”. Nunca se sentiu desencorajada. E porquê? Porque “venho para aqui, estou com estes ‘meninos’ e sou feliz, faço isto por gosto. Eu não desmotivo, porque eles me dão alegria, dão-me entusiasmo e ajudam-me a ser um bocadinho de sol na vida deles. E por isso não esmoreço. Gosto mesmo, mesmo, mesmo de estar aqui.”
A sua paixão ultrapassa as palavras e ilumina quem a rodeia. O cuidado com que acolhe o Francisco, o David ou o Filipe é o mesmo com que recebe qualquer um que passe pela porta de vidro deste espaço cheio de desenhos, livros e sorrisos.
Encontramos nas suas palavras uma definição de amor sem condições ou pretensões: “Ser voluntária é estar disponível, olhar para os outros, ver o que eles precisam e tentar ajudá-los, para que eles se sintam bem, para que se sintam acolhidos. Depois é amá-los e dar-lhes carinho. Dar-lhes amor e atenção.”
Ser voluntário é ser recompensado pela alegria e com amor, uma compensação que não tem preço. O amor “é a compensação do voluntariado, não pode haver outra”, afirma a D. Luísa.
Para além do projeto de voluntariado associado ao Bazar, a D. Luísa desenvolve outro projeto relativo à gestão dos voluntários. Em conjunto com o Padre Alberto Mendes, Superior da Comunidade de Irmãos de SJD no Telhal, recebe os candidatos para entrevista e dá-lhes a conhecer o portfólio de necessidades.
Neste momento a Casa de Saúde do Telhal conta com cerca de 30 voluntários, com idades compreendidas entre os 30 e os 80 anos. Oito voluntários pertencem ao grupo Coral, quinze desenvolvem várias atividades durante a semana, consoante o tempo que têm para disponibilizar e, sete são voluntários no projeto Razões de Sobra. O projeto Razões de Sobra consiste na visita de voluntários especializados a pessoas com demência nos seus domicílios para garantir tempos de descanso ao cuidador. O tempo que cada voluntário oferece ao projeto varia consoante a disponibilidade pessoal, quer seja um dia por semana ou uma hora por mês, são todos bem-vindos.
Ficou com vontade de ser voluntário? A D. Luísa explica como se faz: “Olhar o outro, escutar e dar amor. É tão simples quanto isto.”
É também graças ao tempo que os voluntários dedicam que o Instituto S. João de Deus consegue criar interações mais diversificadas e experiências e vivências mais humanizadas em todas as suas unidades. Não substituindo os nossos profissionais, os voluntários são uma parte fundamental dos cuidados humanizados que prestamos. Estas conversas significativas e este amor, as atividades desenvolvidas de forma paralela às terapêuticas, são muito importantes para a socialização e integração, e tudo ganha uma nova perspetiva quando acolhemos estes voluntários, com outras histórias de vida e motivações, nas nossas equipas.
Desde 2003 que se encontra implementado, no ISJD, um modelo de gestão dos voluntários que assenta numa metodologia de projeto, reconhecido com o Selo de Qualidade Join4Change®. Esta metodologia permite não só acomodar as necessidades identificadas pelas unidades e serviços, como também as motivações dos voluntários de acordo com o seu perfil.
O ano de 2024 representa para o voluntariado hospitaleiro, também e por fim, o corte com as restrições pandémicas, tendo-se registado neste ano (dados a setembro de 2024) o mais elevado número de projetos de voluntariado de sempre. Este dado permite intuir um renovado interesse dos voluntários pelo campo da saúde, em particular por áreas menos chamativas como a saúde mental.