*Chamada para rede fixa nacional.
Notícias
-
Compromisso com a Humanização nos cuidados
11 de Fevereiro de 2025
No Dia Mundial do Doente, o reforçamos o nosso compromisso com o cuidado integral e humanizado dos nossos utentes.
As nossas equipas de cuidados paliativos dedicam-se diariamente a garantir que cada doente recebe um acompanhamento digno, respeitando as suas vontades e proporcionando apoio às famílias. A Dra. Luísa Pires, médica na Unidade de Saúde Carnaxide, partilha a sua visão sobre a importância da empatia, da escuta ativa e do acompanhamento personalizado nesta fase tão sensível da vida.
Leia a entrevista e conheça o impacto do trabalho da equipa de cuidados paliativos na vida dos doentes e das suas famílias.
Enquanto médica, qual é a sua missão no Instituto S. João de Deus?
A minha missão está alinhada com a do Instituto: cuidar, respeitando o doente, a sua vontade e proporcionando também o apoio à família. Acima de tudo, coloco os meus conhecimentos e competências ao serviço desta missão.
Enquanto paliativista o meu objetivo é ajudar nesta fase tão delicada da vida do doente e das famílias, garantir o melhor acompanhamento possível e proporcionar a maior dignidade possível a estes doentes.
Que estratégias utiliza para garantir a humanização dos cuidados e respeitar as últimas vontades do doente?
A empatia, acima de tudo. Colocar-me no lugar do outro, perceber o que pretende e como gostaria de ser tratado, é fundamental.
É necessária muita sensibilidade para lidar com os doentes nestas condições. Temos doentes idosos e muito idosos e que precisam de algo mais que apenas a medicação. Precisam de ser ouvidos, de sentir que a sua voz importa. O simples ato de escutar, estar disponível e verdadeiramente presente faz toda a diferença.
É isso que diferencia o nosso trabalho em cuidados paliativos.
Como é feito esse apoio no acompanhamento às famílias?
O processo de escuta é essencial, tal como compreender as expetativas das famílias. É importante alinhar estas expetativas com a realidade, evitar criar ilusões que mais tarde tornem o acompanhamento ainda mais complexo.
Trabalhamos em duas frentes fundamentais: a antecipação e a preparação. Vamos preparando o doente e a família para o que poderá acontecer, dando-lhes ferramentas para que possam lidarem com episódios agudos ou desfechos menos esperados. Não diria inesperados, porque sabemos o que vai acontecer, mas a forma como acontece é uma incógnita para todos.
Para isso, antecipamos cenários e realizamos conferências familiares, onde ouvimos as preocupações, esclarecemos dúvidas e apresentamos um parecer técnico sobre a melhor forma de lidar com cada caso. O planeamento dos cuidados é sempre construído em conjunto, num trabalho de equipa onde o doente, a família e os profissionais atuam em sintonia de forma a garantir o bem-estar do doente.
O apoio espiritual também faz parte deste acompanhamento?
Sim, sem dúvida. A equipa deve ser multidisciplinar, integrando médicos, enfermeiros, psicólogos, terapeutas e o apoio espiritual.
É uma equipa muito grande em que cada um tem um papel fundamental. Gosto de pensar na nossa equipa como um cesto que abraça o doente e a família. A nossa missão é proporcionar suporte e proteção para que possam atravessar este processo com o maior conforto possível.
Enquanto médica, qual a maior dificuldade no seu trabalho?
Pode parecer estranho, mas a maior dificuldade é não conseguir fazer tudo a tempo. Sabemos o que é essencial para garantir um bom acompanhamento ao doente e à família, mas, muitas vezes, não temos tempo suficiente para o fazer.
Muitos doentes chegam até nós em fases muito avançadas da doença, o que limita a nossa capacidade de intervir de forma completa. O nosso objetivo é garantir sempre os melhores cuidados, mas quando os doentes chegam numa fase muito, muito avançada, há aspetos que não conseguimos trabalhar como gostaríamos. Essa é, sem dúvida, uma das maiores dificuldades.
E qual é a maior recompensa?
O mais importante é saber que os doentes partem com tranquilidade e que as famílias encontram serenidade no processo.
Apesar de a unidade de cuidados paliativos ser recente, temos tido bons resultados. Ainda há muito a melhorar, porque estamos no início, mas o caminho está a ser construído.
Não é a morte dos doentes que me assusta ou que me causa desconforto, a morte é um segundo. O que importa é todo o processo até lá. É isso que devemos trabalhar.
Para mim, a maior gratificação é garantir que o doente viva até ao momento da sua morte e, que a sua família consiga usufruir da sua presença até ao fim. Isso é o mais importante. Manter a qualidade de vida, respeitar a vontade do doente, mantê-lo tranquilo, sem sintomas e confortável até ao desfecho.