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  • Páscoa: tempo de renovar a fé e transformar o mundo com Hospitalidade

    18 de Abril de 2025

    A celebração da Páscoa é o coração do caminho cristão: é o tempo da luz que vence a escuridão, da vida que triunfa sobre a morte, e da esperança que renasce no meio das provações. Foi com este espírito que entrevistámos o Ir. Bonifácio Lemos sobre o verdadeiro significado deste tempo sagrado e a forma como o podemos viver, partilhar e testemunhar nos dias de hoje.

    Num mundo tantas vezes marcado pela instabilidade, pelo sofrimento e pela solidão, o Ir. Bonifácio convida-nos a redescobrir a Páscoa como fonte de renovação interior, de compromisso com os outros e de fé viva, a partir da espiritualidade pascal que também inspirou S. João de Deus, uma espiritualidade feita de Hospitalidade, compaixão e esperança concreta.

     

    Como devemos viver e partilhar a Páscoa?

    Viver e partilhar verdadeiramente a Páscoa é muito mais do que celebrar um simples feriado. É mergulhar no mistério da Ressurreição de Cristo e permitir que essa realidade transforme profundamente a nossa vida pessoal, familiar e cristã.

    Eis algumas sugestões práticas que podem ajudar a viver e partilhar bem este tempo:

    1. Preparação interior: através da oração, do jejum e da caridade, aproximando-nos do sacramento da reconciliação.
    2. Participação na liturgia: especialmente no Tríduo Pascal e no Domingo de Páscoa.
    3. Partilhar com os outros a partir do nosso testemunho de fé: através de gestos concretos de amor:  visitar um doente, oferecer uma refeição a quem precisa ou dar atenção a quem está só e transmitir sempre palavras de esperança. Isto é falar de Cristo com simplicidade, como quem convida e não como quem impõe.

    Importa lembrar que o tempo pascal não termina no Domingo da Ressurreição, prolonga-se até ao Pentecostes. É um tempo para renovar a fé, celebrar a vida nova e deixar o Espírito Santo agir em nós.

     

    De que forma a Igreja se renova na Páscoa?

    A Páscoa é, por excelência, o tempo da renovação da Igreja. Não apenas nos seus símbolos e rituais, mas no mais profundo do seu ser, pois é da Ressurreição de Cristo que a Igreja nasce e se alimenta.

    A Páscoa renova a Igreja porque Cristo Ressuscitado renova todas as coisas. Ele reacende a fé, purifica os corações, fortalece a missão e desperta a Igreja para ser mais fiel à sua vocação de amor, comunhão e serviço.

     

    Num tempo marcado por incertezas e instabilidade, como é que a Páscoa nos pode inspirar na busca da paz e da harmonia?

    Em tempos de instabilidade, crises sociais, guerras, insegurança pessoal ou mesmo espiritual, a Páscoa surge como uma luz na escuridão que oferece inspiração concreta e viva na busca da paz e harmonia. Cristo Ressuscitou, venceu a morte. Esta Ressurreição é um sinal definitivo de que o mal, o ódio, a injustiça e a própria morte não têm a última palavra. E, isso inspira-nos a não nos deixarmos paralisar pelas incertezas, mas a viver com esperança firme o tempo em que vivemos.

    Por outro lado, é verdade que Jesus Ressuscitou com as marcas dos pregos e com as marcas da cruz. A Páscoa não apaga as feridas da vida, mas mostra-nos que essas feridas podem ser redimidas. Num mundo ferido, a mensagem pascal ensina-nos a abraçar a dor com fé e a transformá-la em amor, a transformar o rancor em reconciliação, a encontrar compreensão onde há julgamento e a empatia onde há indiferença. É este o desafio: sermos portadores de paz num mundo que tanto dela precisa.

     

    O Superior Geral diz na sua mensagem pascal: “Penso não estar a exagerar se disser que a espiritualidade de João de Deus é uma espiritualidade pascal”. Como podemos semear essa espiritualidade no nosso dia a dia?

    A espiritualidade pascal vivida por São João de Deus inspira-nos a transformar a nossa vida diária em gestos de esperança, renovação e Hospitalidade. É nesse espírito que somos chamados a viver cada dia: acolher os outros com empatia, cuidar com ternura, servir com alegria e promover a dignidade de cada pessoa, especialmente as mais vulneráveis. Semear essa espiritualidade é permitir que a luz da Ressurreição transforme os nossos gestos quotidianos em sinais de esperança.

     

    E como podemos transmitir essa espiritualidade ao próximo?

    Transmitir, ao próximo, a espiritualidade pascal é compartilhar a luz da Ressurreição de Cristo com gestos concretos e palavras significativas. Como dizia o Ir. Pascal Ahodegnon, Superior Geral, na sua mensagem pascal deste ano, devemos ser “porta-vozes desta mensagem de vida e de esperança pascal, tal como São João de Deus a viveu”. Isso acontece no modo como falamos, como cuidamos, como nos doamos. Na simplicidade do Evangelho vivido com autenticidade.

     

    Quais são, hoje, os motivos de esperança nesta Páscoa?

    A Páscoa continua a oferecer motivos concretos de esperança, mesmo nos tempos mais difíceis. A Ressurreição de Jesus não é apenas uma lembrança do passado, mas um sinal presente de que a vida vence a morte, o amor vence o ódio e a luz vence a escuridão. O maior motivo de esperança é este: Jesus Ressuscitou. E isto não é uma ideia abstrata, significa que o amor de Deus é mais forte que qualquer sofrimento ou perda. Em tempos de guerra, fome, solidão e tristeza podemos confiar: Deus não nos abandona, Ele está vivo e caminha connosco: “Porque procurais entre os mortos Aquele que está vivo?”

    Mesmo quando o mal grita nos noticiários de todos os dias, a Páscoa convida-nos a contemplar o bem que floresce em silêncio: nas pessoas que ajudam, que cuidam, que acolhem. Nos jovens que procuram sentido na vida. Nos rostos que sorriem com genuinamente. Nas pessoas simples que vivem o Evangelho no seu dia a dia. Na partilha de um prato de comida. Na escuta atenta. Numa simples palavra de presença: “Estou aqui”. Em tudo isso, a luz pascal continua a brilhar.

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